terça-feira, 12 de junho de 2012

Nadador!

A morte que nós conhecemos nunca é a nossa. Apenas conhecemos a morte do outro. É vão temer a morte, pois enquanto estivermos vivos ela não estará aí e quando ela chegar, não estaremos mais aí. "A morte não é nada que diga respeito a nós", Epícuro, filósofo Grego (341-270 a.C.).

Se a morte de um outro desconhecido pode até parecer indiferente, a morte de um amigo ou de um ente querido é, ao contrário, quase a nossa própria morte: insubstituível e inconsolável. Mas "quase" ainda não é suficiente. Toda tristeza do luto não se compara com a angústia da minha própria morte. 

Tio Isaac no Campo Limpo (Foto: Márcia Gazzola)

O momento do parto seria o equivalente à nossa primeira morte, no sentido simbólico, pois representa a ruptura ao aconchego, o começo de uma vivência em contante mudança, falta do calor e dos nutrientes, sensação de fome e frio, e a necessidade de se adaptar às mudanças.
    Poema do nadador
    A água é falsa, a água é boa.
    Nada, nadador!
    A água é mansa, a água é doida,
    aqui é fria, ali é morna,
    a água e fêmea.
    Nada, nadador!
    A água sobe, a água desce,
    a água é mansa, a água é doida.
    Nada, nadador!
    A água te lambe, a água te abraça
    a água te leva, a água te mata.
    Nada, nadador!
    Senão, que restara de ti, nadador?
                                     Nada, nadador.


    Jorge de Lima