quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tempestade passa.

Esta é a sequência de 8 fotos que tirei de uma tempestade. Foram 30 min de tirar o fôlego. Reparem o vendaval. Um fenômeno impressionante. Café sem nada compartilha com vocês, boa diversão! O texto vem de um livro chamado "Explicando a filosofia com arte" e vai muito bem com a Banda Constantina:

O Medo é o começo da sabedoria para Heidegger. Entretanto, existe sabedoria também em correr riscos. O filósofo francês Georges Bataille (1897-1962) defende a "soberaneidade" como uma espécie de relação alternetiva com a morte.
Na teoria de Bataille, entretanto, o soberano não é aquele que simplesmente detém o poder, mas aquele que o exerce. A atitude soberana consiste basicamente em uma recusa a toda a preocupação excessiva com o futuro, a todo o cálculo de consequências, à necessidade de certezas e garantias.
Em vez de se escravizar ao futuro, o homem soberano prefere deixar se envolver pela imediatez do instante. Alheio ao medo, o soberano prefere correr perigos, pois sabe que somente no risco da morte a vida é efetivamente vivida e não apenas conservada. Correr perigo é aceitar o tempo do inesperado, despreocupado da necessidade e da conveniência de suas ações, sem ter em vista nada para além da própria existência.
A sabedoria do medo (Heidegger) e a atitude soberana (Bataille) são, portanto, dois aspectos complementares do mesmo impulso para a vida.
Para exercer o pensamento mortal é preciso primeiro escolher ser mortal. Trata-se de uma situação ambivalente: nós não podemos perder a marca da morte, pois ela nos constitui essencialmente; nós somos como condenados a ela. Mas ao mesmo tempo a condição de mortal não é dada, impõe-se conquistá-la, tornar possível seu vir-a-ser e até descobrir a alegria que lhe é inerente.
Somos intelectualmente capazes de compreender a morte, mas afetivamente incapazes de lidar com essa verdade. Parece haver apenas duas alternativas: ou nos regozijamos, esquivando-nos dos pensamentos sobre a morte, ou somos conscientes, sacrificando nossa necessidade de ser felizes. Parece que toda alegria pressupõe uma certa ignorância, ou, ao contrário, que toda sabedoria implica uma infelicidade crônica. O desafio filosófico último é o ultrapassamento desse impasse, afirmando um tipo de alegria que não nasça da ignorância e de um tipo de consciência que não precise se revestir de melancolia. 
Essa atitude paradoxal é o cerne de um "pensamento mortal". Não há receita para obter essa "ciência alegre", mas também não há nenhuma lei que a proíba. A capacidade de permitir que essa alegria profunda brote, mesmo sabendo que a existência é passageira, ou melhor, por causa mesmo dessa transitoriedade, constitui a "prova dos nove" de uma filosofia vista sob a ótica da vida.
Sem a alegria talvez não fosse possível viver uma vida saudável e criativa. Trata-se de uma espécie de loucura, que nos protege de outras loucuras, aquelas que nos enfraquecem e nos fazem adoecer.
Atualmente reina uma certa visão de que a filosofia é uma espécie de estraga prazeres ou de "exterminadora de festas". Nem sempre foi assim. O filosofo grego Pitágoras comparava a própria vida como uma grande festa, em que alguns vinham para fazer negócios ou para competir, outros, para olhar de modo diferente para a realidade e pensar.
Conta-se também que ele costumava promover grandes banquetes quando tinha boas idéias. Surge então as questões: Qual foi a última vez que celebramos alguma boa ideia? Nossas ideias tem sido boas o suficiente para suscitar comemorações? Mora na filosofia? A festa do pensamento só está para começar. 

Moral: "No começo era a verba." Millor

Bibliografia: Explicando a Filosofia com Arte. Charles Feitosa, Ediouro, 2004.